Como a proteção social pode preparar o mercado de trabalho para a Quarta Revolução Industrial?

Por IPC-IG

  

 

Por Gabriel Valério, Estagiáio de Comunicação *

Brasília, 16 de julho de 2019 - Em artigo recém-publicado (1) pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG, na sigla em inglês), o Professor da Universidade de Londres, Terry McKinley, analisa os impacto da Quarta Revolução Industrial no mercado de trabalho e o papel das políticas sociais neste novo cenário. Como a proteção social pode coloaborar para que as mudanças de paradigma nos meios de produção, que contribuem para gerar desemprego e acentuam as desigualdades, sejam menos traumáticas para a sociedade?

De acordo com um relatório publicado pelo McKinsley Global Institute em 2017, cerca de 60% dos postos de trabalho disponí­veis atualmente são passí­veis de automação. Assim, em um cenário de mudanças lentas, 10 milhões de postos de trabalho poderiam deixar de existir até 2030. No caso de uma automação mais acelerada, o número pode chegar a 800 milhões de postos extintos nos próximos dez anos.

Mckinley vê nos programas de proteção social voltados à capacitação de mão-de-obra o potencial para frear os impactos negativos da revolução digital nos mercados de trabalho. Em relação às políticas sociais com foco na transferência de renda, políticas de treinamento e desenvolvimento humano seriam mais eficazes para evitar que a automação tenha consequências nefastas nos índices de desemprego e nos salários. 

Apesar da eliminação de muitas das ocupações que conhecemos hoje, a Indústria 4.0 também será responsável por criar milhões de novos postos de trabalho. Um relatório da consultoria Gartner de 2017 aponta  que as inovações no setor produtivo têm o potencial de gerar mais empregos do que aqueles que deixarão de existir.

Para Mckinley, os programas de proteção social são importantes ferramentas para garantir a estabilidade dos mercados de trabalho. Para preencher as vagas que serão criadas e evitar que o desemprego seja a principal marca da revolução digital, é preciso investir na capacitação e no desenvolvimento dos trabalhadores. 

Panorama

Muitos países já estão colocando em prática políticas e programas de qualificação da mão-de-obra como uma maneira de se preparar para as mudanças que virão. O Fórum Ecônomico Mundial, por exemplo, desenvolve, desde 2017,  iniciativas de capacitação e treinamento em parceria com os governos da Argentina, Índia, Omã e África do Sul.

No Brasil, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) mantém, desde 2017, um Grupo de Trabalho que reúne mais de 50 instituições, entre governos estaduais e municipais, empresas e representantes da sociedade civil, para debater temas ligados à Indústria 4.0. O Senai também atua na requalificação de trabalhadores e gestores por meio do desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais.

 

(1) Clique aqui para ler o artigo do Professor Terry McKinley em inglês

 

*Sob supervisão de Isabelle Marie, Gestora de Conhecimento Júnior