Estudo do IPC-IG analisa a eficácia das transferências de renda no combate à AIDS na África Subsaariana

Por IPC-IG

                            

 

Por Lucas Eduardo de Sousa, Estagiário de Comunicação *

Estudos recentes mostram que o número de pessoas vivendo com a AIDS na África Subsaariana é maior em grupos com melhores condições socioeconômicas. De acordo com o Pesquisador do Centro Internacional de Polí­ticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG), Pedro de Lara Arruda, melhores condições socioeconômicas permitem um maior acesso à mobilidade e disponibilidade de tempo de lazer, o que facilita a manutenção de relacionamentos extraconjugais."Essa peculiaridade africana reflete o quanto a epidemia também é movida por relacionamentos sexuais simultâneos em um ambiente geralmente heterosexual", disserta Arruda.

No artigo recém-publicado pelo IPC-IG "O papel potencial das transferências sociais na luta contra o HIV/AIDS na África Subsaariana", Arruda questiona a eficácia dos programas de transferência de renda voltados para a população economicamente vulnerável no controle da epidemia de AIDS na região.

Por muito tempo, o alto ní­vel de contaminação pelo HIV na África Subsaariana foi atribuí­do à pobreza sistêmica, o que impulsionou a criação de diversos programas de transferência de renda destinados à população carente. Para Arruda, estes programas são importantes para melhorar os í­ndices de qualidade de vida dos doentes em situação de pobreza, mas é preciso focar na prevenção da doença entre os mais ricos para alcançar resultados mais expressivos.

Ainda assim, Arruda não descarta o papel das transferências de renda na luta contra a AIDS na África Subsaariana. Para ele, as dinâmicas de prevenção, contágio e tratamento não são as mesmas entre os diferentes grupos sociais: "As dinâmicas da epidemia entre os pobres podem ser muito diferentes daquelas entre os ricos – isso sem contar aqueles na comunidade lésbica, gay, bissexual e transgênero (LGBT), pessoas que injetam drogas, profissionais do sexo e outros grupos sociais".

Crianças e adolescentes

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem na África Subsaariana mais de dois milhões de soropositivos com menos de quinze anos. A Organização também alerta para o fato de 90% das crianças infectadas pelo HIV no continente africano estarem na região Subsaariana.

Apesar dos esforços para implementar programas sociais que possibilitem uma ampliação do acesso a serviços de saúde e educação, crianças e adolescentes  da região continuam a ser grupos muito vulneráveis à contaminação pelo ví­rus HIV. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), apontam que mais de cinco milhões de jovens entre zero e dezenove anos serão infectados pelo HIV na África Subsaariana entre 2017 e 2050.

(1) O artigo também está disponí­vel em inglês

 

*Sob supervisão de Isabelle Marie, Gestora de Conhecimento Júnior