Abstract:Foco na África: Tornando a Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Agrícola mais Inclusiva e Sustentável. A apenas uma semana da Rio+20, o tema desta Poverty in Focus ressoa claramente com o discurso mais amplo sobre o desenvolvimento sustentável, particularmente os sesforços ampliados para assegurar inclusão e equidade mais abrangentes e melhorar os quadros institucionais para o desenvolvimento sustentável. O primeiro Relatório sobre o Desenvolvimento Humano na África, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, lançado em 15 de maio de 2012, destaca quanto o crescimento recente na África não tem conseguido reduzir suficientemente a fome e pobreza extremas e, nem sequer, fornecer oportunidades suficientemente numerosas e adequadas. Uma de suas principais mensagens é um apelo por maiores investimentos na agricultura, para garantir o crescimento sustentado e a redução da pobreza. As evidências são claras. Precisamos de novos mecanismos, metodologias e ferramentas para lidar com uma combinação cada vez maior de desigualdades profundamente enraizadas, bem como novas variações de instabilidade e de insustentabilidade. O seminário internacional sobre o papel da Cooperação Sul-Sul no Desenvolvimento Agrícola na África, realizado em 17 de maio, em Brasília, serviu como um importante espaço de diálogo para explorar algumas dessas questões, especificamente no contexto dos futuros da agricultura e no contexto mais amplo do desenvolvimento. Era clara a emergente convicção de que a Cooperação Sul-Sul, como mecanismo, pode ser catalítica — se for bem desenhada e aproveitada, e se for efetivamente moldada e definida, dentro de um contexto de trocas, benefícios e aprendizagem mútuos. Com crescente atenção sendo dada à inclusividade do crescimento e sua sustentabilidade ambiental, atualmente enquadradas no contexto do crescimento verde e inclusivo, mais confiança também pode ser depositada na cooperação Sul-Sul, para definir uma série de respostas práticas. Já que o governo do Brasil irá sediar a Rio+20, a atenção também recai sobre o papel do país como um intermediador das formas de intercâmbio Sul-Sul, especialmente modelos que possam proporcionar ganhos triplos: para a economia, para a sociedade e para o meio ambiente. Uma série de sucessos na redução da desigualdade, melhorando tanto a inclusão social quanto a produtiva e, particularmente, envolvendo pequenos agricultores no processo de crescimento, ao mesmo tempo em que se mantém uma agricultura comercial exitosa, são algumas das importantes lições / pontos de entrada para o intercâmbio Brasil-África, dentro do presente contexto. Ao mesmo tempo, sucessos e inovações também estão surgindo na África subsaariana, em políticas e programas emblemáticos e em setores específicos. Até agora, houve menos discussão sobre os fluxos bidirecionais de boas práticas, lições aprendidas e transferências de tecnologia do que o necessário, levando em conta a realidade atual. Esta Poverty in Focus, concebido como resultado de valor agregado do seminário de 17 de maio, dá uma voz específica ao que foi citado anteriormente, bem como a alguns dos desafios e oportunidades enfrentados pela Cooperação Sul-Sul como ferramenta para o “desenvolvimento”, e não apenas para a cooperação para o desenvolvimento. Essa oportunidade, de discutir a agricultura não apenas como um setor, mas como uma força para o desenvolvimento, redução da pobreza, segurança alimentar e para uma maior cooperação dentro do Sul — bem como a emergência de lições abrangentes do Sul para o cenário internacional — baseia-se em outros esforços e discussões semelhantes, em 2012. Ela ressoa com o lema de um de nossos parceiros de coordenação — a agricultura é um caminho-chave para sair da pobreza. Olhando para a frente, o nexo entre a agricultura e o desenvolvimento destaca duas questões fundamentais: a eliminação da fome e o repensamento da agricultura, à luz da sustentabilidade e da equidade. As mudanças climáticas, os meios de subsistência e a segurança alimentar, em particular, representam tanto desafios quanto oportunidades para alcançarem-se esses dois objetivos — e muitas perguntas ainda permanecem pendentes. É o papel de instituições baseadas em conhecimento — tais como o CIP-CI, o Futures Agricultural Consortium, CIRAD e Articulação Sul, com o apoio do DFID e da ONU Mulheres, e em parceria com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, Food and Agriculture Organization) e o Centro Africano de Políticas para o Clima (ACPC, African Climate Policy Centre) — realizar uma investigação e avaliação crítica, para uma maior compreensão dos potenciais e dos limites da cooperação Sul-Sul e para identificar possíveis respostas para questões políticas urgentes. É nossa esperança que a abordagem adotada no seminário e nesta Poverty in Focus defina um novo escopo para um diálogo crítico e inclusivo sobre políticas, enquanto esclarece algumas das questões subjacentes e contemporâneas do desenvolvimento, incluindo como maximizar as incríveis riquezas naturais, sociais e culturais da África, como fonte de crescimento sustentável para todos os seus cidadãos. por Jorge Chediek, Diretor Interino, CIP-CI

Keywords:O Papel da Cooperação Sul-Sul no Desenvolvimento Agrícola Inclusivo e Sustentável
Publication Date:
Type/Issue:Policy In Focus/24
ISSN:

You can also download in other languages: